quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Primavera negra, a segunda edição.

Antes de qualquer coisa (e são algumas), gostaríamos de agradecer a todos que ajudaram o Eurídice a ganhar sua segunda edição, leitores e colaboradores, desde os que participaram da primeiríssima edição aos que participam desta segunda. Pode soar clichê, mas sem todos vocês, o projeto não iria para o papel, pela segunda vez.





Sobre a distribuíção


Os locais de distribuíção do jornal ainda não foram definidos. Pelo menos, não todos. Por enquanto os certos são estes:

Galeria Olido
Avenida São João, 473 Estação República do Metrô - Centro
(próxima a galeria do rock)


Casa das Rosas

Av. Paulista, 37 -Bela Vista

(próxima ao metrô Brigadeiro)


Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000
(próximo ao metrô vergueiro)


Espaço Contraponto

Rua Medeiros de Albuquerque, 55
(próximo ao metrô Vila Madalena)


A distribuíção é feita sempre aos finais de semana.

(caso não consigam pegar seus exemplares, é só entrar em contato conosco)








O poeta do mês: Carlos Drummond de Andrade




Penetra surdamente no mundo das palavras, lá estão os poemas que esperam ser escritos



Nascido e criado na cidade mineira de Itabira, Carlos Drummond de Andrade levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.
Formou-se em Farmácia, atendendo a insistência da família em graduar-se. Trabalha em Belo Horizonte como redator em jornais locais até mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, para atuar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública.
Em 1930, seu livro "Alguma Poesia" foi o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. O autor demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distância dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores.
Drummond também falava sobre temas como o desajustamento do indivíduo, ou as preocupações sócio-políticas da época, como em “A Rosa do Povo” (1945). Apesar de serem temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia.
Produzindo até o fim da vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Quando faleceu, em agosto de 1987, já havia destacado seu nome na literatura mundial. Com seus mais de 80 anos, considerava-se um "sobrevivente", como destaca no poema "Declaração de juízo".








Procura da poesia



Não faças versos sobre acontecimentos.

Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.

As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,

esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.


Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.

Nem me reveles teus sentimentos,

que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.

O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.

O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.

Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza

nem os homens em sociedade.

Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.

A poesia (não tires poesia das coisas)

elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,

não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.

Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,

vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família

desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhastua sepultada e merencória infância.

Não osciles entre o espelho e a

memória em dissipação.

Que se dissipou, não era poesia.

Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:


Trouxeste a chave?
Repara:

ermas de melodia e conceito

elas se refugiaram na noite, as palavras.

Ainda úmidas e impregnadas de sono,

rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

(Carlos Drummond de Andrade)





Colaboradores do mês (Ou pessoas que realmente acreditam que esse jornal vai dar certo)




Carlos Alberto Moreno se define como artista, ser humano, falastrão e teimoso.
Nascido em São Paulo, leonino com ascendente em aquário e lua em câncer, é estudante de Artes Cênicas e participa de dois coletivos teatrais: a Cia. Refúgio de Atuadores (onde atua como encenador e ator) e na Descompan(h)ia Teatral. Além do seu enorme apreço pelas palavras, que foi o que o motivou a criar o blog Tentativa do Grito, no final de 2008, onde faz o que ele chama de tentativa de poesia. (São Paulo-SP)


Blog


http://tentativadogrito.blogspot.com/


Daniel Moura é um paulistano de dezesseis anos, que gosta de São Paulo, Beatles, Chico Buarque, das palavras e da força de cada vírgula.


Blog


http://proibidoouso.blogspot.com/


Laika Rankin, uma mentirosa. Inventa que cor é tudo, pra fugir do que não tem cor. Acredita que um dia, na sua fome por poesia, vá encontrar uma cor semblante pra definir o que de fato importa. Pra ela, a poesia tem todas as cores. (Atibaia - SP)


Blog


http://coloracoesdocerebro.blogspot.com/


Leandro Rafael Perez (lrp) é estudante de português e linguística. Tem um livro amador disponível na internet (http://issuu.com/leandro.rafael/docs/palpebrasamareladas) e está organizando outro, chamado O sangue do ar visível & Outras peles arranháveis. Mantém atualmente o blog Fumante Entre Cavalos (http://www.fumanteentrecavalos.blogspot.com/).
(São Paulo- Sp)


Julio Perestrelo não é, pois acha que ser é difícil demais, e é querer demais; gosta quando as coisas o são. Enquanto isso, procura ser sintático: um pronome indefinido que acompanha qualquer palavra que toque tentando dar - pelo menos um - sentido à sua vida. Não procura explicar complexidades, mas sim a simplicidade que compõe os complexos. Gosta de detalhes. Diz que pegou essa mania de detalhismo quando teve um caso com o céu, e o resultado disso é que até hoje varia com o clima. (São Paulo- SP)

Blog

http://julio-perestrelo.blogspot.com/

Natácia Araújo é excessivamente carioca. Viciada em café e arte. Escreve mentiras de sua própria autoria. Por vezes, acredita ter sido jogada na loucura de uma poesia geniosa.É fabricante de versos soltos. Faz cócegas em letras. Não sabe dominar suas farpas poéticas. Do pouco desta vida, orgulha-se de ter em posse uma poesia não domesticada. Escreve mesmo, para fervilhar pecados. Escreve na tentativa de ver a profundidade do caos. (Rio de Janeiro- RJ)

Blog

http://wwwinverso.blogspot.com/



(em breve, os demais colaboradores).






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