segunda-feira, 3 de agosto de 2009

E com vocês, a primeira edição!

Buenas!

É com certo orgulho que estamos abrindo esta primeira edição de Eurídice. Digo orgulho, porque é o único sentimento que conseguiria de fato expressar o que estamos sentindo ao ter um filho em mãos, mesmo que este seja feito de papel sulfite A3, impresso rapidamente e inúmeras vezes copiado. Um filho com vida, a única coisa que de fato importa apesar de todas as adversidades desses dias estranhos, essa vida que pulsa em todos nós, colaboradores e sonhadores, deste jornal. Vida que transformamos em letras e letras que formam poesia. E poesia que corre em nós, que não pode ser contida e escondida dentro de cadernos ou folhas em gavetas. Não por vaidade, sentimento fútil que com o tempo se contradiz, mas por amor, sentimento que é eterno e sincero. Amor ao que fazemos, amor que quer atingir e florescer além de nossos peitos. E talvez seja isso que esse jornal quer representar, a poesia que quer invadir, se infiltrar e renovar, em cada um que se deixar ser vulnerável a ela. Com a violência suave das mudanças.




Sobre Eurídice

Eurídice é uma referência ao jornal de poesia Orpheu fundado por Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros, que foi uma das primeiras publicações dedicada ao movimento modernista em Portugal.

"Segundo a Mitologia Grega, Orpheu era poeta e músico tendo como sua musa, Eurídice, seu grande amor, casando-se com ela. Mas, Eurídice fugindo de Aristeu, um apilcultor apaixonado por ela que a perseguia, tropeçou em uma serpente que a picou e a matou. Orpheu, transtornado pela perda, foi até o reino de Hades, resgatá-la, mas para isso deveria convencer o barqueiro Carontes, e para isso usou sua música. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol. Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo. Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma (ou em outras versões uma estátua de sal), seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento baseado na doutrina espírita, ele ajudava muito os outros com seus conselhos , mas não conseguia resolver seus próprios problemas, até que um dia,furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!" Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice. Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão"

(Fonte : Wikipédia - não muito confiável, mas serve de base para qualquer coisa)


A idéia do jornal surgiu entre divagações numa praça desértica, em algum lugar em São Paulo (simplificando: muita conversa fiada numa praça mal cuidada numa cidade esquisita de São Paulo), com a finalidade de "servir" como um correio entre poetas. Uma maneira simples de comunicação e experimentação literária, por assim dizer.
Assim:
A cada edição, uma nova leva de poetas estarão exibindo o seu trabalho.
A seleção dos poemas será através da escolha dos colaboradores, isso é, vamos ficar fuçando blogs e publicações do gênero, em busca de "acervo" para as próximas edições do jornal. Mas também aceitaremos os poemas enviados pelo email cancaoparaeuridice@yahoo.com.br

Esse post é mutável. Como quem o escreve é sem muita criatividade, aos poucos, a apresentação vai melhorando, sendo incrementada.

Hasta la vista!





Manuel de Barros, o autor do mês.



Há muitas maneiras sérias de não se dizer nada, mas só a poesia é verdadeira

Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.

(Fonte: Fundação Manoel de Barros)

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda emestradas
-Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de gramática.

Colaboradores do mês (Ou pessoas que realmente acreditam que esse jornal vai dar certo)


Francisco Jamess é nômade, desempregado, abandonou a faculdade de História, veste brechó, lê sebos, mora com a irmã mais velha e só se apresenta como “escritor” porque dizer que é dono de casa e que manda na cozinha não é lá grande resposta para “o que você faz da vida?” Tem o desapego de um cão de rua e vezenquando pode mesmo ser visto caminhando ao pé de um mendigo que por acaso o encontra como único ouvinte de seus ensaios sobre a sociedade e a vida.

(São Paulo- Sp)

Blog
http://baiucadobardo.blogspot.com/

Nádja Reis não se considera uma poeta profissional, mas sabe muito bem usar a poesia como terapia para as loucuras do dia a dia. Encontrou por acaso (ou destino?) um livro de poesias escondido numa estante, na casa de sua tia, todo empoeirado. E resolveu ser como aquele pessoal esquecido dentro daquelas páginas.

(Porto Velho- Ro)

Blog
http://absolutamenteeu-nadja.blogspot.com/

Bernardo Brum é cinéfilo e em breve será mais um cineasta brasileiro sem dinheiro no bolso. Por ora, se dedica a escrever seus futuros filmes e curtas, e o que resta de inspiração, reaproveita em seus poemas.

(Rio de Janeiro-Rj)

Recanto
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=3512

Iuri Bermudes acredita que a simplicidade é a melhor forma que se tem para escrever um poema. Cinéfilo declarado, transforma as cenas das quais gostaria de ter participado em poesia. No momento em que esbarrou com Leminski, descobriu que folhas em branco deveriam ter outro sentido

(São Paulo - Sp)

Blog
http://rimasfaceis.blogspot.com/

Ricardo Moraes não gosta de poesias, nem de poemas e muito menos de poetas. Do resto, por enquanto, ele continua gostando.
(São Paulo/Ribeirão Preto- Sp)

Blog
http://movimentodobarco.blogspot.com/

Lubi Prates é paulistana da gema e a melhor definição encontrada para defini-la, vem da própria Lubi
"Tenho vinte e dois anos e estou perdendo-os apressadamente na sobre-vivência com a visão e audição e olfato e tato e paladar pela intensidade de sentir. Sinto muito. Sou inteira id. Nasci passado e não sei se é corpo ou alma esse envelhecimento. Essas tantas rugas de tão poucos amores como o craquelado de chão sertanejo, até o abismo interior ou o abaixo da terra, esses infernos. Meu imenso ego transborda invisível o físico. Para falar dos outros, falo de mim e até calada. Você jamais me conhecerá inteira porque quando minto, há verdades e elas são minhas e apenas, porque minha prisão é viver o que quer que seja e a libertação é a escrita. Quando eu não suportar mais essas tantas reinvenções de mim mesma pela negação do eu único e profundo e tão só e pelo ódio ao previsível e rotineiro, queimarei meus restos para as moscas não pousarem nesse sagrado, para os insetos não devorarem o que nunca houve. E tocarei um fado, o mais triste, para o tempo parar para sempre. "

Blog
http://coracao-na-boca.blogspot.com/

(Em breve, os demais perfis)

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